Foto: Divulgação |
Enredo:
"Um conto marcado no tempo - O olhar suíço de Clóvis Bornay"
Autores: Gustavinho Oliveira, Caio Alves,
Rafael Tinguinha, Cosminho, Josemar Manfredini, Fadico, Zé Luiz e Carlinhos
Intérprete:Tinga
Intérprete:Tinga
Samba Enredo
Carnaval
eterna
é nossa união
que
bom voltar
pra
reviver esta emoção
quem
dera com o meu pai reencontrar
tantas
histórias encantadas
se
fez o sonho e não quero acordar
seres
alados, castelos erguidos
sopro
gigante, herói destemido
nos
montes de neve um anjo a proteger
melhor
amigo que o homem pode ter
Gira
mundo no tempo, templo da invenção
tudo
cabe no bolso ou na palma da mão
''o
som da caixa'', jóia de valor
quem
procura acha, a senha do amor
Novo
tempo
relativa
idade do conhecimento
brilhante
pensamento
explica
a vida em todas as direções
sábia
mente, a hora voa com o viajante
brilha
o sol num instante
aquecendo
tantas gerações
hoje
eu vejo que o ontem
é
o aprendizado para o amanhã
Suíça,
em tua história a inspiração
com
teus sabores na avenida
quebrando
o gelo, lá vem o pavão
Deixa
o dia clarear Tijuca
tá
na hora a gente vai à luta
o
relógio disparou alô gente bamba
vai
pro Borel o prêmio Nobel do samba
"Um
conto marcado no tempo - O olhar suíço de Clóvis Bornay"
Departamento de Carnaval: Mauro Quintaes, Annik Salmon, Hélcio
Paim, Marcus Paulo e Carlos Carvalho
Ainda me lembro, sentado aos pés do meu pai... entre as páginas
dos livros, ouvindo suas histórias de uma terra mágica, viajava nos contos
encantados que davam vida aos cavaleiros medievais montados em ginetes,
cavalgando em direção aos montes gelados e brancos. Dragões alados sobrevoavam
castelos e aldeias, o povo aterrorizado, fez um pacto até mesmo com o diabo
para construir uma ponte e, assim, seguir seu caminho. Minha imaginação me
embalava; ali eu estava, guardado pelas emoções o tempo não passava. Os
ponteiros do relógio bailavam em prosa e verso, eu ali continuava, despertando
personagens sem fronteiras nesse universo.
Fiquei admirado com um bravo caçador, de pontaria certa, salvou
seu filho da tirania fatal. Homem de bem, respeitado por todos, lutou pela
independência de sua terra e pela liberdade de seu povo. Subindo aqueles montes
gélidos, forrados por nobres estrelas brancas que caiam do céu, vivia um
lendário gigante soprando ventos frios, congelando plantações e lagos ao léu.
Eis que surge para salvar os que estavam a precisar, o anjo dos Alpes sempre
pronto a zelar.
A cada instante, minhas lembranças giravam como engrenagens de
uma caixinha de música, dando vida a uma variedade de proezas e façanhas que
jamais pude imaginar, onde em um instante tudo cabia no bolso, na palma da mão,
tantas ferramentas em uma só. Em outra caixa, curioso fiquei, nelas senhas
secretas que nem mesmo o tempo era capaz de apagar.
De repente, deparo-me com um novo tempo que se forma, ponteiros
a girar em todas as direções. "Uma nova hora começou! Aproveite-a
sabiamente" - assim o cuco falou. Livros, então, passaram a registrar
pensamentos e teorias escritas por um homem de mente brilhante e coração puro,
que, no girar dos ponteiros, viajou a um futuro, transformando o tempo em
fórmulas, fórmulas em sonhos, e sonhos em realidades. O tempo voa, o tempo vai,
o tempo me leva na brilhante história de um viajante a planar entre o céu e o
mar na aeronave que tem o sol a te alimentar.
Assim, um novo tempo se anuncia. Pessoas que passam pessoas que
vêm e que ficam. Bandeiras que voam, dançam e giram acompanhadas de trompas
gigantes encantadas, soando uma melodia em perfeita harmonia. Mas vejam só:
nessa história fascinante, um escultor transformou o movimento, alcançando
todos seus desejos, fazendo com que sua arte fosse importante para aquela terra
de cores. Cores que protegiam, em tempos distantes em que guardas fardados
defendiam igrejas, vestindo ricos trajes. Cores que brincavam sobre folhas
brancas, riscos e traços que conduziam a cadência pintavam o que eu não via.
Atravesso, então, para um tempo futuro, nos filmes de máquinas e seres
viajantes.
Gotas de chuva caem do céu, passeiam entre as nuvens, descem
montanhas, alimentam pastos e fontes. Entro em uma página que uma fábrica se
faz presente. Sinto o gosto de tudo que já comi, de tudo que já bebi. Litros e
mais litros do mais puro leite, repleto de aromas e sabores, são transformados
em passe de mágica em queijos empilhados. E lá do alto vejo uma coroa a
reluzir, nossa... existe um rei ali! Percebo o giro dos ponteiros, como a
colher do cozinheiro mexendo sem parar. Cachos de uvas enfeitam todos os
cantos. São cascatas e rios dos mais deliciosos chocolates, levando meu paladar
a percorrer minhas lembranças. E o cuco? Novamente alegre a cantar, anuncia
"A fábrica não pode parar!"
As páginas do livro vão se acabando. Vejo que as histórias de
ontem e de hoje misturam-se com as do amanhã. Percebo diante dos meus olhos uma
avenida estendendo-se a mim, aqui e acolá, festas que duram o ano inteiro, até
o sol brilhar. Foliões fantasiados fazem soar instrumentos, girando os
ponteiros da engrenagem do tempo, bailando em versos despertando luzes acesas e
o brilho das cores. Agora não mais uma criança e sim um folião a desfilar,
ainda fascinado pelos contos daquele lugar. Encontro-me em meio à Sapucaí, de
tantos carnavais, que sempre festejei. Escrevo mais um conto marcado no tempo,
neste lugar de riquezas mil, laços Suíça-Tijuca-Brasil.
Clóvis Bornay
Fonte: http://www.rio-carnival.net/
Nenhum comentário:
Postar um comentário