Foto: Divulgação |
Enredo:
"A incrível história do homem que só tinha medo da Matinta Perera da
Tocandira e da onça pé de boi"
Autores: Leozinho Nunes, W.Machado, Hugo
Bruno, Diego Estrela, Ronni Costae Victor Alves
Intérprete:Igor da Silva Moreira (Igor Sorriso)
Intérprete:Igor da Silva Moreira (Igor Sorriso)
Samba
Enredo
Chega mais
Mas vem sem medo, hoje é Carnaval
Artista brasileiro genial
E nem Matinta Perera hoje, vai lhe calar
Vem bicho brabo e onça sambar
Clementiano é fiel não abandona
Vem pra folia Fernando Pamplona
De Rio Branco à Rio Branco aprendeu
Se encantou com esta festa popular
E quando foi julgador o desfile atrasou
Seu coração salgueirou
Zambi é Zumbi, Chica da Silva mandouôôôô
Exaltando o negro pro mundo inteiro cantar
Pega no ganzê, pega no ganzá
Idealista, grande vencedor
Fez o desfile ganhar outra dimensão
Choveram críticas, meu professor
Junto aos confetes e alegria do povão
Hoje, sua herança desfila aqui
Lindo girassol começa a se abrir
É o mestre
Que segue o astro rei lá no infinito
O céu ficou ainda mais bonito
Todos querem aplaudir
Vem que a festa é da gente
Meu orgulho São Clemente
Ao gênio maior da Avenida
Canta Zona Sul, feliz da vida
"A
incrível história do homen que só tinha medo da Matinta Perera da Tocandira e
da onça pé de boi"
Em Rio Branco era assim, um
florestão envolvendo a cidade. Ninguém adentrava na mata - "Tá doido,
seu?" - era habitada pela bruxa Matinta Perera, que calava o uirapuru mas
que sumia com a chuvarada, por um bicho brabo, o gogó de sola, de dentada
perigosa feito cobra, pela formiga tocandira, pela onça do pé de boi, que todo
mundo jura que existia, com pé de boi e tudo. Pois foi lá nesse lugar tão longe
que nosso personagem passou a infância.
Foi crescendo até que um dia chegou
a hora de voltar para o Rio de Janeiro, sua terra natal e onde passaria o resto
de sua vida.
No lido é que começou a brincar
carnaval, ouvindo "Mamãe eu quero" e "Touradas de Madrid".
O bloco de sujo que fazia parte ensaiava no cemitério. A molecada se encontrava
perto da quadra IV, que ainda estava em construção, e os defuntos ali
enterrados não reclamavam do barulho.
"A avenida Rio Branco era um
deslumbramento só" - mão dupla, tudo decorado, cheia de grupos
fantasiados. Entre os carros, desfilavam os cordões, grupos e blocos com muitos
pierrôs, arlequins, tiroleses, holandeses e muitas colombinas também.
Passa o tempo, passa a guerra, passa
a ditadura Vargas, o tempo vai correndo e nosso heroi vai se tornando mais
adulto e mais valente. Essa avenida Rio Branco, dos desfiles carnavalescos, era
a mesma que abrigava o Teatro Municipal. a Biblioteca Nacional, o Museu e a
Escola de Belas Artes. E lá foi ele, atraído pelas artes, para a tal escola, e
também para o teatro, onde trabalhou por muito tempo. Foi desse local, numa
janela do andar superior, seu camarote exclusivo, que viu pela primeira vez um
desfile de escola de samba, com Natal reclamando e a Portela evoluindo, ali,
naquela mesma avenida.
Um dia, foi convidado para fazer
parte do júri das escolas de samba. Aceitou.
E foi também na Avenida Rio Branco
que, encarapitado num palanque de madeira, viu um desfile bastante sui-generis.
"A primeira escola quebrou o eixo do carro... Que entre a segunda... Mas a
segunda só entraria se a primeira entrasse...Então que entre a terceira... E
nada da terceira, e nada da quarta também - Às onze e meia da noite, chega
alguém avisando que a quinta iria desfilar - até que enfim..."
A quinta era o Salgueiro,
apresentando enredo sobre Debret - o que cativou nosso jurado: em vez de
"Panteão de Glória", "Batalhas de Tuiuti", etc., cantava um
artista - Debret.
Foi desse dia em diante que nosso
personagem tornou-se carnavalesco e salgueirense - as cores vermelho e branco
ainda por cima o remetiam ao time de futebol lá do Rio Branco, quando ainda era
menino.
Não espera receber o convite para
desenvolver o enredo para o Salgueiro, no ano seguinte. Escolheu a resistência
negra durante o período da escravidão, Nzambi dos Palmares, ou Zumbi dos
Palmares, assunto que não era focalizado pelas escolas. Virou filme, e Zumbi
hoje é símbolo de resistência.
Descobriu para o povo não só o
Nzambi como Xica da Silva (foi um estouro!), Aleijadinho, e acabou desencavando
um enredo sobre uma visita de um rei negro a Mauricio de Nassau - cuja música
foi cantada não só no carnaval como em estádios de futebol, casamentos, e até
hoje faz sucesso - "Olêlê, Olálá, Pega no Ganzê, Pega no Ganzá".
Apesar das vitórias, havia uma certa
crítica negativa a ele, dizendo que não se deveria interferir numa manifestação
popular. Tinham esquecido que, desde a década de 40, as escolas contratavam
artistas eruditos e profissionais para realizarem seus enredos.
No ano do IV Centenário da Cidade do
Rio de Janeiro, o tema escolhido foi "História do Carnaval Carioca",
que retratava o carnaval carioca e o baile dos pierrôs, produzido por Eneida
todo ano. Jogaram muito confete e serpentina durante o desfile, e os garis
estavam esperando o Salgueiro sair da avenida para limpar tudo antes do desfile
da Portela. Provocativos, os salgueirenses disseram que aquela era a comissão
de frente da Portela. Os portelenses obrigaram os garis a irem limpando a pista
no final do desfile do Salgueiro. Foi a apoteose - !Puxa, não esqueceram nada,
tem até os garis limpando o final da festa!". Esses garis foram aproveitados
mais tarde pelo Joãosinho Trinta no seu famoso desfile dos Ratos e Urubus. Na
época, João era aderecista e bailarino. Acabou abandonando a dança e tornou-se
carnavalesco, mas esta já é uma outra história...
O nosso heroi fez outros carnavais vitoriosos.
Depois, passou a bola adiante e foi se dedicar a vários afazeres nas TVs para
as quais trabalhava.
Um dia, cansado da vida, foi embora,
acho que um pouco contrariado, pois viver foi sempre uma aventura que encarou
sem medo.
Deve ter sido recebido por uma
extensa corte - Nzambi, Aleijadinho, Xica da Silva e outros tantos negros e
mulatos que fazem parte da cultura deste país mulato. Agitando bandeirinhas,
eles gritaram em coro: "Pamplona, Pamplona, Pamplona.."
Enredo: Núcleo Criativo GRES São Clemente
Desenvolvimento de Enredo: Bia Lessa
Sinopse: Andre Diniz e Wladimir Corrêa
Presidente: Renato de Almeida Gomes
Desenvolvimento de Enredo: Bia Lessa
Sinopse: Andre Diniz e Wladimir Corrêa
Presidente: Renato de Almeida Gomes
Carnavalesca: Bia Lessa
Fonte: http://www.rio-carnival.net/
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