Foto: Divulgação |
Enredo:
"Imaginário, 450 janeiros de uma cidade surreal"
Autores: Noca da Portela, Celso Lopes,
Charlles André, Vinicius Ferreira e Xandy Azevedo
Intérpretes:Wantuir, Richahs, Rogerinho e Cremilson
Intérpretes:Wantuir, Richahs, Rogerinho e Cremilson
Samba
Enredo
Oh meu Rio
a águia vem te abraçar e festejar
"feliz cidade" sem igual
paraíso divinal
E eu "daqui" feito "Dali"
em traços te retrato surreal
A natureza lhe foi generosa
na Guanabara "formosa mulher"
despertou cobiça, beleza sem fim
"delícias" de um "nobre jardim"
Eu vi o "Menino do Rio" versar
um lindo poema
para impressionar a "Princesinha do Mar"
sonhando com a "Garota de Ipanema"
Vem amor, a Lapa dá o "tom" pra boemia
vem amor, a nave da emoção nos contagia
lá vem o trem chegando com o povo do samba
lá vai viola, o batuque só tem gente bamba
tão bela! orgulhosamente a Portela
vem cantar em seu louvor ô ô ô ô
"Central" do meu brasil inteiro
morada do Redentor
Sou carioca, sou de Madureira
a Tabajara levanta poeira
pra essa festa maneira meu bem me chamou
lá vem Portela malandro, o samba chegou
"Imaginário,
450 janeiros de uma cidade surreal"
Rio, hoje meu samba se reveste do
mundo azul que teu céu empresta à Majestade do Samba, que em sua fugaz realeza
foge à realidade e, na "surrealeza" de sua beleza, te faz a festa.
Num olhar dito louco e transgressor,
te ergo aqui um monumento aos seus 450 janeiros, que distorcem o tempo e
dissolvem as duas realidades afastadas para fundir-se em um sonho febril, como
visão de "Dali" e outros tantos que, na absurda plasticidade das
cores e formas, reinventam seus encantos mil.
Eu, artista de trinta carnavais,
vividos entre devaneios e verdades, criei sonhos e vesti teu povo de plumas e
paetês, iludindo os olhos estrangeiros que se encantam com a sua maior festa,
sem perceberem que és feito de antagonismos que me inspira a olhar-te com o meu
tempo, entendendo o seu, pelo tempo de Deus.
Usando seus curvos e distorcidos
cenários, interpreto e retrato a ti e a teu povo, diverso e plural, que te faz
cidade surreal, hoje expressa em arte neste carnaval. Para isso, em desfaço de
laços, refaço meu traço, me solto em teu espaço e, como um "salvador
daqui", recrio suas linhas pela visão da arte de tantos, pois és cria de
Deus e tens fome da arte do Homem.
És a feliz Cidade Maravilhosa,
repleta de encantos que são espantos da criação, da imagem provocante e
criativa e da arte que sustenta a vida, quando as mãos mais abusivas tentam te
imitar em vão. És a viagem convidativa, que hora se refaz e se reconstrói, nas
asas da imaginação do lúdico fértil e gentil, onde hoje imagina, Rio, a minha
"águia redentora", num abraço de asas acolhedora que te faz abrir
imenso o coração do meu Brasil.
És o Rio que surge de um declínio,
que nunca foi foz ou desemboco de rio algum, convergindo fantasias desde o
branco olhar distante no tempo, surgido das ondas, ungido do desconhecido, dos
bravos, dos reinos de além mar. Foste o palco de disputas e conquistas, um
caldeirão de culturas a se mesclar enfim, nos contornos do desenho sensual das
curvas de sua geografia, como corpo de mulher de fartos seios a debruçar-se
assim, sobre o mar, no abraço plácido de sua bela Guanabara.
És o verde que esbanja o viço da
tenra juventude, que se retorcendo entre o azul serpenteia o olhar à mata que
entra pelo mar, és "jardim das delícias", éden de sua plenitude, que
às vezes se disfarça em canteiros, legados de Dom João, na terra em que tudo
dá, portal a espelhar suas florestas e a envolver como moldura os recortes dos
teus rochedos, sua natural escultura, onde o sol vem repousar.
És, de fato, o cartão postal de todo
um país, paisagem abençoada pelos trópicos, de relevos imprevisíveis feito
notas musicais, que acalantam e inspiram a criatividade de seu povo, a refazer
o compasso em uma nova divisão, traduzindo suas curvas que entram pelo
"balanço de seu mar". És tempero puro de sal e sol, a têmpera de
jeitos e trejeitos ao tempo que passa, com graça de não passar, és sempre jovem
no que esboça, a "bossa" nova de cantar, as suas sereias morenas, as
princesas do seu mar, que "continua lindo", "continua
sendo" assim a desfilar, do "Leme ao Pontal", de "maravilha
de beleza e do caos", de garotas de Ipanema, de meninos do Rio, de seus 40
graus.
És a vida fervilhante, que vai e
vem, entra e sai, atravessando os montes ao monte de coisas por ver, no
atraente paraíso que revela as faces do pecado e do prazer, de suas noites
boêmias sobre os teus tantos arcos, Lapa que abriga segredos múltiplos de
sabores, de cores e de tons. És a catedral da luxúria, a serpente tentação que
nos induz ao sonho, nos conduz à dança das ilusões, na sedução que lança o
brilho dos seus neons.
És num momento à parte, um mundo em
seu próprio universo, que gira, que rola com ginga e malícia, na magia que joga
e inocente se lança ao espaço ao panteão dos deuses, o palco do absurdo, o
templo do futebol, Maracanã, ès nave mãe do planeta bola, de teus fiéis, da
crença e paixão, abduzidos de êxtase, o rio de contrastes, que passa e que
atravessa a realidade da vida com sua alegria de viver.
És um anfiteatro das artes que gera,
em cada canto dos seus recantos montanhosos, eventos que te montam irreal.
Invertes a valorizada vista altiva para o descanso de tuas favelas encontrarem
a cidade no asfalto, pois és imaginada em cores, formas e vida e acima de tudo,
és o samba de todos, cantado pelo sangue azul da Portela, que dentro de teu
tempo festivo, meu Rio, comemora ainda a vida vivida da arte de um príncipe
"da Viola". Hoje, o samba que ouves, e festeja com a fome de
saborearmos tua arte de ser, receber e inspirar. Aplausos aos teus quatrocentos
e cinquenta janeiros, criada cidade de Deus aonde até teu filho veio morar e
pra sempre te abraçar. Parabéns a você e a todos nós, por sermos tão criativos
em vivermos em ti, feliz cidade surreal.
Carnavalesco: Alexandre Louzada
Fonte: http://www.rio-carnival.net/
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